quinta-feira, 28 de agosto de 2008

enganei a minha mulher

Menina!... 'tás com o mesmo peso!
Menti-te, enganei-te... pronto! Calhou.

Disse-lhe que ia aqui ao cinema do burgo ver um filmezinho e acabei por ficar em casa a ver a entrevista (rtp1, Dezembro de 2006) que se segue. Além das gargalhadas (ora por me rever, ora por rever meus conhecidos nos bonecos do MEC), serviu para uma espécie de introspecção sobre a (minha) portugalidade. Eu que, desde há alguns dias, exposto a um novo cenário profissional, procuro (e assim se prevêm as próximas semanas... hei-de aqui voltar) "encaixar" num sistema que desde os primeiros momentos (já lá vai mais de um ano) eu adivinho demasiado relaxado para o meu ritmo. A vikingness já não é o que era! A ver vamos.
Voltemos a Portugal (porque é muito dificíl pensar que não se vai voltar... mesmo que seja viagem lá para o último Inverno) através dos delírios do Miguel.


Aviso à navegação: nos 68 minutos do vídeo há um intervalo de 11 para publicidade. Entre o 34º e o 45º. São 50 e poucos minutos do vosso tempo.

E aqui me confesso: sou totalmente a favor da desertificação do interior. Desde sempre! Fazem falta espaços verdes em Portugal. Com os incêndios dos últimos anos, quanto mais floresta melhor.
E mais: em Portugal (ou rodeado de portugueses), estou sempre a "martelar" no país, no pôôbu (deve ler-se mesmo assim) e em tudo o que merece a minha "martelada" (sem segundas intenções). E há tanto por onde "martelar". Começando pela casa de cada um, é claro. Mas fora, com os "estrangeiros", é ouvir-me dizer que Portugal é flor p'ra se cheirar... re-pe-ti-da-men-te. E não, não me refiro (só) ao potencial turístico (nem às flores. Nem ao futebol).
Proudly Portuguese!

domingo, 17 de agosto de 2008

migrante

Há algum tempo a esta parte que sou migrante. Esta semana mais uma vez. Migrei de Kriatiansand para Kongsberg. É provável que nos próximos meses volte a migrar... de preferência aqui para perto. Nos últimos 2 anos tem sido assim: emigrei de Portugal, emigrei da Finlândia; imigrei para a Finlândia, imigrei para a Noruega.

Mesmo país, nova cidade...
Kongsberg surgiu no séc. XVII em resultado da exploração das minas de prata. É uma cidade pequena, com cerca de 24 mil habitantes, encaixada nas margens do rio Numedalslågen. Um vale verdejante no Verão e que no Inverno pode chegar aos 20 negativos. Assim seja, por muitas e brancas semanas! Há o Kongsberg skisenter na encosta oeste da cidade, e há também por aí um clube de asa delta e parapente... no que diz respeito a desporto, a coisa promete!
No Verão há um Festival de Jazz que, pelos vistos (dizem algumas vozes) merece uma visita. Não cheguei a tempo, mas estarei cá para o ano.
Vista aérea sobre Kongsberg
("emprestada" daqui)
A "Santa Catarina" de Kongsberg

Nova cidade, novo emprego...
Para ajudar (ou justificar) a nova vida, desde ontem que sou...
Mechanical and Industrial Designer. Acabaram-se (finalmente) os descontos de estudante. Não acabaram nada, que serei estudante por mais um ano... até à entrega final, durante o Inverno Lapão!

Novo emprego, nova vida...
A mesma atitude: estamos cá para viver e não para "adiar" a vida para outras "geografias" espaciais ou temporais!

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

cai neve em NY, há sol em Sorlandet!

Antes de pararmos (literariamente) aqui, uma visita a Arendal, essa localidade que não deixa saudades, para "espreitar" os treinos cronometrados do NGP (Norwegian Grand Prix, em moto-náutica, entenda-se). Em consequência, uma molha, que o céu nesse sábado não se abriu.

3 fins de semana mais tarde, voltamos a Arendal, desta vez para visitar uma amiga que "partiu" as costas durante numa "voltinha" de barco no final do NGP, ela que faz parte da organização. Não passará o resto da vida numa cadeira de rodas, mas não escapa de uns meses deitada.
Aproveitamos a visita para receber o S.S. Styrbjørn, um dos últimos e o mais forte rebocador a vapor a operar na Noruega, a 2 anos do seu centenário. Foi recuperado durante 20 anos exclusivamente por voluntários, quase todos na segunda metade da vida. Um desses voluntários, o home-do-leme, visita frequentemente Portugal, tanto que "arranha" português suficiente para manter um diálogo. Obrigado pelo convite. Fica aqui a homenagem ao responsável por carregar 300 Kg de carvão por hora na caldeira, um sénior de 78 anos. Notável!

Paremos agora, literariamente , em Kristiansand. É a 5ª maior cidade Norueguesa. A cidade floral. Um quilómetro quadrado de ruas ortogonais (o centro). Comparável a Vila do Conde, pelo rio, pelo mar... mas com muito menos praia. Mais uma cidade, para nós, temporária (Kongsberg à vista!).
Para aqueles que soltam expressões de espanto quando se pronúncia "Noruega", do género "deus ma libre... que frio! credo!" ou "ah... e lá não é sempre noite? E frio? Sempre com neve?!" ou "... da-se! Não matei ninguém p'ra ir p'ró árctico!" aqui fica a transcrição ipsis verbis de um e-mail que recebi há dias de um luso a viver numa cidade aqui do sul.

Como vai a vida por ai?
O trabalho vai bem e assim? e o verão quem diria.
Estou com um bronze do caneco... parece que estive no algarve, tenho à praia todos os dias nas últimas duas semanas. espectaculo...

De facto, espectáculo! Há sol, há Verão, há praia, há água quente, há bom tempo... até vir, naturalmente, o frio, a neve, os dias curtos e as noites longas... não tão curtos, nem tão frios, nem tão brancos quanto a norte. Ainda assim, Invernos simpáticos, esperemos.
Lund, do outro lado do rio, vista de Baneheia

Parque Baneheia: a natureza do outro lado da rua

Vista sobre o "km2", desde um miradoiro de Baneheia

Fiskebrygga (mercado do peixe). Local de eleição no Verão.

Rua em Posebyen, a parte velha da cidade

Casa típica em Posebyen
Flores, canteiros e similares. A cada esquina.

O tecido urbano mais "sólido", junto à Catedral.

A "Santa Catarina" do burgo

E tem sido assim, todos os dias, das 10 da manhã ao final da tarde.

A semana passada foi menos simpática, com os dias mais nublados e com a areia frequentemente molhada. Mas, a julgar pelas previsões, teremos ainda muitos dias para morenar a este sol que, para os mais incautos (ou distraídos... ou dorminhocos) pode deixar escaldões significativos. Eu que o diga! Para não arriscar, mais uns dias e deixo Kristiansand...

sábado, 2 de agosto de 2008

deixem-me respirar!

Ou como se pode perder a respiração!
Uf! A respiração e tudo o resto...

Não, ninguém me apertou (ou aperta) o gorgomilo. Era só o que faltava! Que este rapaz tem-no pequeno. Mas ia ficando sem ar (não por falta dele, mas porque ia sentido a respiração mais "difícil") ao saltar com a menina para cima do Kjeragbolten. Pronto! Está dito. Tudo o que se segue é deveras secundário comparado com a pose a 1000 metros de altitude (e uma hipotética queda cujo percurso não seria muito inferior, perdendo aí toda a respiração, tenho a certeza!)
Mas comecemos pelo princípio: mais uma viagem até Stavanger para, com os futuros companheiros de trabalho, encetarmos mais uma "inspecção" (acho que é "inspeção"... até receber as novas normas vou-me regendo pelas antigas) à cidade e ao Lysefjord. Depois do Preikestolen, Kjerag esperava-nos! E aí fomos nós, de carro até Lauvik e daí de ferry com destino a Lysebotn, no fim do fiorde.
Depois de passar a ponte sobre o fiorde


Uns metros à frente (ainda a paisagem era "serena")


A pouco mais de 30 minutos de viagem (para um total de 3 horas)


Lembram-se do Preiskestolen? 604 metros de altura? A rocha em cunha lá em cima! Conseguem ver os "malucos" sentados com os pés dependurados? Nem eu... mas que estavam, estavam. Estão sempre! E havia quem dissesse cá de baixo, uns minutos antes de se avistar o "púlpito", que altura andaria perto dos 300 metros... às páginas tantas, a escala empurra-nos para o "escuro" e total falta de percepção.


Ora aí estava ele: o Kjerag! 1020 metros até cá abaixo. Sem parar na casa da partida. Antes houve tempo para ver algumas das cerca de 500 focas que habitam estas águas. Mas como estavam na margem e são da cor das rochas, no foto não se distinguem...


Os 3 ou 4 pixels que interrompem a mancha azul do céu, junto ao "recorte" da montanha, têm 5 m3 . Não há imagem que consiga comunicar a imponência da "falésia". Nenhuma!


Lysebotn parece já ali. Ainda esperamos uma boa meia hora até atracarmos.


E agora desde lá de cima, com um barco lá em baixo... acho eu! Não havia de ser uma foca! Ao contrário de Preikestolen, não se diz que daqui nunca ninguém caiu. O que se pode dizer é que, os que caíram, perderam a respiração... antes de chegarem lá abaixo! Aqui (ou logo ali do outro lado do vazio) pratica-se base jumping. E mesmo com pára-quedas, alguns não a conseguiram parar e perderam a respiração!


E eu, e a menina, a dois passos (à frente ou atrás) de perder a respiração. Mas ela convenceu-me. Convence-me sempre a marota. E eu gosto!
Daqui, mais 2 horas (a referência aponta para 2h30m. Sempre a melhorar. Não vamos a estes, mas havemos de estar nos próximos Olímpicos) na caminhada de regresso sobre 2 vales até ao ponto de partida. Subidas e descidas muito, muito inclinadas, naquele que é de certeza, o país mais sólido do mundo a julgar pela quantidade, e volume, de rocha com que é feito.
De regresso a Stavanger (3 horas de carro, sem ferry) deu para, no dia seguinte, apreciar a baixa. Muito pitoresca mas sem fotografias que a bateria do telemóvel ficou lisa! Fica para outra oportunidade.
Próxima paragem: Kristiansand.