sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

parolos como nós

Avaliar uma cultura, ou um conjunto de comportamentos mais ou menos "típicos" de uma determinada cultura, através de critérios alicerçados noutra cultura, não deveria ser válido. Não será com certeza. Interpretar as características-chave de uma comunidade pressupõe julgamento e assim, o recurso a um critério que, sem a existência prévia de um método aceite e reconhecido (o científico) vale o que vale, i.e., não passa da opinião "pessoal" do observador. É da opinião pessoal (aqui sem aspas) que tratam os parágrafos seguintes.

Oi-oi-oooiiii... voltemos a um registo mais leve se faz favor! Então? Nada de academismos. Por favor. Tudo isto p'ra dizer que aos meus olhos, os norugos, ainda que menos do que me parecem os tugas, são parolos. PA-RO-LOS! E sendo esta uma característica do "povo", logo, transversal à maior parte dos domínios do quotidiano. 'tou a ficar académico outra vez. Menos, menos!

Impõe-se retratá-los. E se há dias lhes prestei (uma espécie de) homenagem no que respeita às condições de trabalho por estes lados, convém também deixar claro que o paraíso de cada um não se encontra no paraíso de ninguém. (Esta foi profunda!) Mas é um bocado isso: as coisas crescem e evoluem p'rós lados: muito possivelmente em direcções opostas; de certeza absoluta em várias direcções! De volta à Noruega, por favor. E à parolice.

É sabido que as norugas são bonitas. Feições equilibradas, a cor da pele suficientemente escura para ocultar o sangue azul, cabelos dourados (alguns avermelhados, pouco ou nada cinzentos...), formas generosas. Inspiradas em Freja, a deusa da fertilidade na mitologia nórdica, tenho a certeza! (E agora percebo a marca de chocolates. Ah menina que és a minha deusa da fertilidade!)
Os norugos são em geral bem parecidos, atléticos. O ski e o uso e abuso da bicicleta, fazem maravilhas. (Escusem-me, mas não consigo ser mais detalhado na descrição deles...).

Elas "aparolecem-se": no que trajam; no uso e abuso dos solários (nem quero imaginá-las aos 40!); na insistência em fazer das suas faces verdadeiras telas de pintura experimental surrealista (e as cosméticas agradecem); em penteados desproporcionados; na ausência, quase total, de feminidade. Não incluí a parolice própria da adolescência, note-se.
Eles, parolos como elas: no Verão exibem-se em qualquer marina (há-as aos milhares), com o seu barco (desde o barco de remos, ao iate-mansão); no Inverno (como no Verão), é vê-los a passearem-se desde a sexta à noite até ao domingo à tarde, nos seus carros-americanos-importados-e-moficados distribuindo regueton e assassinando até os ouvidos mais resistentes.

Já disse o xôr Pedro Aleixo (cumprimentos rapaz!):
São um país evoluído; mas jamais serão um país desenvolvido!

Os acidentes de viação multiplicam-se no primeiro dia de neve de cada ano, apesar da curtíssima frequência dos avisos feitos durante a semana anterior: não tiveram tempo para trocar para os pneus de Inverno... na última noite! Parolos!

Em Tromsø, no centro da cidade, têm os passeios aquecidos para que nem a neve, nem o gelo incomodem os "passeantes". Em Kongsberg, a 100 metros do centro da cidade, nem passeios têm! E nesta altura, caminhar implica ir no meio da rua, porque a limpeza de neve é exclusivamente feita aí mesmo, no meio da rua.

Os snus são muito populares. Apesar dos aspecto "decadente" que emprestam a quem os "fuma" (?), não me parece que caibam nos domínios da parolice. Digamos que são só uma "questão cultural". De qualquer modo está feita referência.

Nem vou falar dos modos à mesa, que ainda me rotulam de aristocrático ou snob. Mas não posso passar sem os comparar aos trolls! O passado viking parece muito presente (ou o que quer que isso queira dizer...)

É bom deixar claro que eu, pessoalmente, não tenho nada contra a parolice. Ser parolo é como ser feio... em ambos casos é difícil disfarçar, mas não impossível! A parolice é própria de meios rústicos, e na Noruega, a única cidade efectivamente grande (mas não muito) é Oslo. Este é um bom país para parolos (os de cá. Porque os outros, os de lá, terão que "formatar" a sua parolice aos cânones locais, o que não me parece tarefa fácil!)

Em jeito de conclusão: parolos como os tugas, como nuestros hermanos, como os bifes (esses sim, muito à frente no que diz respeito à parolice), como os schweine, como os polacos (também parolinhos que chegue, meu deus)... como nós!

6 comentários:

Anónimo disse...

isto tudo claro, depende da defenição de parolo de cada um lol!

se possivel tenta escrever mais frequentemente , senão for pedir muito lol.

cumprimentos

portugalilainen disse...

Viva Miguel!

parolo
  adj. e s. m.,
  prov.,

    rústico, pacóvio;
    cantar um - a (alguém): dar uma forte repreensão.

Parolos no sentido rústico, pacóvio. Da minha parte, sem um pingo de negatividade.

Quanto à frequência da escrita, nunca é pedir muito... ainda assim, só posso prometer tentar aumentá-la! Tentar...

Unknown disse...

Olá!
Afinal não somos os únicos parolos no mundo... parece que o povinho desse país de 1º mundo, também é parolinho de 1ª...
Cuida-te!
beijinho
AH... Bom Ano!

portugalilainen disse...

No que toca a parolice, e ao que me é dado a opinar, Portugal está a meio da tabela...

Povinho de 1ª não implica país da mesma categoria e versa-vice!

Cuida-te tu também neste novo bom ano!

Viagens Lacoste disse...

Portugalilainen, eu que costumo falar da parolice dos tugas posso dizer que adorei este post.
Retrata tal e qual o que se passa, parolos há-os em todo o lado "até" em Portugal.
1 abraço do frio (mas não tanto) Portugal

portugalilainen disse...

Obrigado por pasares por cá. És sempre bem vindo. E és bem vindo ao frio também. 15 negativos (já) são um experiência engraçada!