sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

um dia nas rampas

Sim, rampas. Não confundir com Ramblas.
Para os mais distraídos, é bom saber que Kongsberg tem neve até à ponta dos cabelos. Literalmente; e não é necessário nem ser baixo (referência escusada à altura da menina) nem atirarmo-nos ao chão (outra referência escusada, desta vez às minhas quedas). Que fazer então numa cidade "dominada" por engenheiros? En-ge-nhei-ros (e ainda dizem que não há inferno?). É urgente legislar para que por cada "marmanjo" que entre em engenharia se lhe "ajunte" uma "piquena"? Tipo discoteca: Ah e tal não está acompanhado? Ah não? Então não entra. Pumba!
... onde ia eu? Pois... Kongsberg, cidade a abarrotar de engenheiros, parco em enfermeiras. Enfermeiras? Oh diabo!!! Sim, há dias dizia-me um colega da bola: aqui há os engenheiros do parque industrial e as enferneiras do hospital. Sendo que por cada engenheiro há p'rái menos de 1/4 de enferneira (e ainda dizem que não há inferno!).
... onde ia eu? Pois... Kongsberg, cidade a abarrotar de neve, parco em enfermeiras. Que fazer aqui, então? Cada um sabe de si. Eu, que até nem nutro grande "admiração" por enfermeiras, tenho andado desde o início de Dezembro a tentar partir a outra clavícula. Como? A esquiar (n)as rampas.
Acontece que o resort dista mais do que uma hora, a pé, de casa. Vou de autocarro, à boleia, mas vou. Comprar as subidas não é barato. Alugar o equipamento também não. Ele é o esqui, a bota, os bastões, o outro esqui, a outra bota, o capacete, a máscara, o gorro, o kit de primeiros socorros, o GPS, o mapa do tesouro... ok, ok. Menos, mas ainda assim muita coisa! Depois de algumas idas já havia gasto o suficiente para comprar o equipamento todo (incluíndo o mapa do tesouro).
Prevendo que mais cedo ou mais tarde (mais cedo do que mais tarde) teria que comprar tudo, como haveria depois de carregar o equipamento? O autocarro não passa em frente a casa, é tudo pesado e difícil de transportar... só havia uma solução: comprar uma bicicleta e um atrelado! Mas depois de ver o preço das bicicletas, desisti dos atrelados também. E havia carros mais baratos. Fui a Oslo ver um carro com preço inferior ao de algumas bicicletas (não estou a "reinar") e, como me perdi a tentar convencer o dono que eu percebo de mecânica, sem sucesso, acabei por perder também o último comboio para casa. Não tive alternativa: tive mesmo que comprar o carro se queria vir dormir a casa. Oh lar, doce lar! Os carros aqui são vendidos com 9 pneus: 1 sobresselente; 4 para o Inverno e outros 4 para o Verão. P'lo preço de uma bicicleta não está mau...
Depois do carro, veio o presente mais apreciado nos últimos anos, com a devida vénia à própria menina, minha senhora: um par de esquis que eu "namorei" nos últimos meses. Novinhos. Espectáculo! No dia em que os recebi, dormi a correr e sonhei com eles. Agora, "calçado" num par de [botas "montadas" nuns] esquis, tenho tentado partir uns ossos. Sem sucesso, felizmente.
1: retira-se 15 cm de neve e descongela-se o carro; carregue-se todo o material e siga que se faz tarde.

2: tira-se o material do carro, salta-se p'ra dentro da botas e p'ra cima dos esquis; luvas, máscara, capacete, bastões, 'termos' com o leitinho, biscoitos do pequeno almoço, manual de instruções, etc.

3: salta-se para cima do elevador, e sobe-se... 2 kms.
Uns sobem, outros já descem.
Alegoria da vida!

4: a meio camimho, vira-se p'ra trás, tira-se uma foto e grita-se:
- Jeg kan se meg hjem herfra!

5: depois de se chegar ao topo, sair do elevador em modo "trapalhão", atropelar dois putos reguilas e uma velhinha, quase arrancar a própria orelha no choque contra um pinheiro, consegue-se parar com um certo equilíbrio (não é que seja minha culpa, é só o meu estilo) e tira-se uma foto para esquerda.

6: e outra para a outra esquerda.

7: sai-se de pista, para experimentar paisagens novas, neve nova e novas quedas. Lindo!




[video6] 8: volta-se à pista e tenta-se atropelar mais um fedelho.

9: à enésima descida pára-se antes dos últimos 100 metros para mais uma foto.


10: descalçam-se as botas, arruma-se a tralha e siga p'ró quentinho de casa; oh lar, doce lar!

A caminho, há ainda tempo para uns postalecos d'Inverno:

3 comentários:

Eduarda Magalhães disse...

Isso é que é E-S-Q-U-I-A-R :)))
Gosto destas ultimas fotos, especialmente as "casinhas de chocolate". Hum... :P

portugalilainen disse...

Eduarda! Bons olhos te leiam!
Têm que vir cá experimentar. Posso reservar o "quarto d'hóspedes"? :D

Mas tenho que confessar, aqui p'ra nós que ninguém nos lê, omiti todas as nódoas negras que tenho das quedas ;)

Beijos para Arrrrendal! :D

Anabela Magalhães disse...

Pois eu gostei de passar por aqui e de te ler e saber entrelinhas da menina do forcado.
Beijinhos amarantinos